11/10/2018

Roger Waters em São Paulo

Roger Waters arrancou uma reação vibrante dos 45,5 mil presentes no Allianz Parque, em São Paulo, na noite da úlltima terça-feira (9). Foi o início da turnê "Us + Them" no Brasil. A reação foi intensa por dois motivos:

1 - Musical: o show é dominado por clássicos do Pink Floyd, banda que já foi liderada por Waters, com cerca de 80% do repertório. O resto de músicas solo é mais morno, mas não estraga o espetáculo.

2 - Político: a turnê é cheia de críticas políticas, como é comum na carreira de Waters. No Brasil, ele incluiu crítica ao candidato a presidente Jair Bolsonaro (PSL), e foi respondido com aplausos e vaias.

Música e tecnologia

Tudo isso foi ampliado por um telão de 70 metros de largura por 14 de altura, a segunda principal peça de um show de alta qualidade técnica. A primeira peça principal ainda é o senhor de 75 anos que resiste suado após quase 3 horas no meio do palco.

Outro fator "uau" são as quatro torres de som pelo estádio, com funcionamento independente e efeito de profundidade - te colocam "dentro" da música, não diante dela. A parafernalha tecnológica dá algum ar de novidade ao repertório tão antigo quanto imbatível.

O mais legal é quando telão e um porco voador fazem do estádio uma versão viva da capa do disco "Animals" (1977). Ah, e quando luzes sobre o público reproduzem o prisma da capa de "The dark side of the moon" (1973).

A banda liderada pelo vocalista e baixista cai um pouco às vezes no automático de um "Pink Floyd cover oficial". O que mais salva para dar uma cara original são as duas boas vocalistas de apoio, meio teatrais e brilhantes em "The great gig in the sky".

Entre os guitarristas, Jonathan Wilson exagera no cosplay de David Gilmour, enquanto Dave Kilminster mostra mais personalidade nos solos.

E a parte política?

O reforço no teor político desta turnê de Waters vem do disco solo mais recente dele, " Is This the Life We Really Want?". Em "The last refugee" e "Picture that", ambas no meio do show, ele pinta um cenário pessimista do mundo.

O presidente dos EUA, Donald Trump, foi alvo desde o início da turnê. Durante "Pigs", o telão mostra em português mesmo: "Donald Trump é um porco". "Money" segue na crítica a Trump e também mostra líderes europeus como Theresa May e Emmanuel Macron.

 

Outro momento da turnê com críticas políticas é um longo intervalo após "Another brick in the wall". Essa música termina com um coral de crianças com camisas escritas "resist" (resista).

O telão da turnê sempre mostra, em seguida, coisas às quais Roger Waters pede para os fãs resistirem: anti-semitismo, destruição do meio ambiente, tortura e outros.

Uma destas imagens dizia: "resista ao neofascismo". Em seguida, o telão dizia que "o neofascismo está crescendo pelo mundo", e listava políticos de vários países. Na lista que já tinha aparecido em outros shows da turnê, Roger Waters acrescentou em São Paulo o nome de Jair Bolsonaro.

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