Em 1994, o trio carioca Paralamas do Sucesso abriu barril de pólvora ao apresentar o álbum mais estranho, corajoso e mal-sucedido da discografia do grupo.
Motivo do fracasso comercial, a estranheza do álbum Severino vinha justamente da coragem de fazer um disco mais complexo, sombrio, que ergueu ponte entre a cidade do Rio de Janeiro (RJ) e o nordeste do Brasil ao mesmo tempo em que fortaleceu as conexões musicais hispano-americanas de Bi Ribeiro (baixo), Herbert Vianna (voz e guitarra) e João Barone (bateria).
Álbum sem hits, Severino será reeditado pelos Paralamas do Sucesso neste ano de 2019, no formato de LP, para lembrar os 25 anos deste disco incompreendido na época por críticos e pelo público.
Produzido por Phil Manzanera, Severino saiu na década áurea do CD, mas também foi lançado com pequena tiragem em LP para quem quisesse apreciar com maior nitidez a arte gráfica criada por Gringo Cardia com inspiração no trabalho do artista plástico sergipano Arthur Bispo do Rosário (1909 – 1989), então falecido há cinco anos.
Com pegada nordestina em músicas como "Não me estrague o dia" (Herbert Vianna, Bi Ribeiro e João Barone, 1994), o álbum Severino ampliou a veia portenha dos Paralamas na música "El vampiro bajo el sol" (1994), parceria de Herbert Vianna com o roqueiro argentino Fito Paez.
As sombras do álbum Severino foram dissipadas no ano seguinte pela luz emanada pelo solar álbum duplo "Vamo batê lata" (1995), disco ao vivo – acoplado com EP gravado em estúdio – que reconciliou os Paralamas do Sucesso com os críticos e com o público do Brasil, para alívio da gravadora EMI Music.
Mas Severino, sétimo álbum de estúdio dos Paralamas do Sucesso, permaneceu como título atípico na discografia do grupo. Um alien. Um disco de ruptura – não desenvolvida pelo trio em posteriores álbuns de estúdio como "9 luas" (1996) e "Hey na na" (1998) – que merece ser reouvido em LP na oportuna reedição comemorativa de 25 anos do álbum Severino.
Fonte: G1 Mauro Ferreira