O cantor João Gilberto morreu neste sábado, dia 6, aos 88 anos em sua casa no Rio de Janeiro. A causa não foi divulgada, mas era sabido que ele vinha enfrentando problemas graves de saúde já há alguns anos.
João nasceu em Juazeiro na Bahia em 1931 e, com seu canto sutil e a batida única do violão, mudou a história da música no Brasil com sua gravação de "Chega De Saudade" no ano de 1958.
O disco 78 rotações com a música composta por Tom Jobim e Vinicius de Moraes, que já havia sido gravada por Elizeth Cardoso no mesmo ano, com o próprio João no violão, causou espanto em uma época em que a música brasileira era marcada por cantores de voz mais empostada e canções mais dramáticas.
Gilberto, ao lado de Jobim e da poesia de Vinícius, chegou apontando um novo caminho e influenciando a geração que veio logo em seguida - Marcos Valle, Carlos Lyra, Roberto Menescal... - e os que mudariam novamente a nossa música a partir dos anos 60 - Gilberto Gil, Caetano Veloso, Jorge Ben Jor, Chico Buarque, Paulinho da Viola, Milton Nascimento e mais, todos foram profundamente impactados pelas gravações de Gilberto.
João Gilberto era conhecido pelo seu temperamento difícil e o perfeccionismo. Ele foi fundamental no estouro da bossa nova nos Estados Unidos e no resto do mundo graças à sua participação no clássico Getz/Gilberto, gravado ao lado do saxofonista Stan Getz. Foi esse disco que trouxe a versão em inglês de "Garota de Ipanema" com a voz dele e a de sua então mulher Astrud Gilberto, que se tornaria uma das mais populares da história. Dois anos antes, ele também participou do famoso show no Carnegie Hall em que apresentou a bossa nova aos norte-americanos.
Gilberto gravou pouco, foram apenas oito álbuns solo de estúdio, e mais três em parceria com outros músicos - e seus shows foram se tornando cada vez mais raros com o passar das décadas. Ele deixa, com sua história, uma marca forte e única na música brasileira e também do mundo, que não deverá ser apagada.
Fonte: Vagalume