É injusto rotular "Isso é amor" – álbum lançado pela banda paulistana Ira! em novembro de 1999 – como disco de covers. Neste projeto fonográfico de intérprete, o grupo foi além do cover ao dar toque geralmente pessoal a 12 músicas de lavras alheias que, somadas às duas composições assinadas pelo guitarrista Edgard Scandurra no repertório, totalizam as 14 faixas do álbum.
Tanto que, impulsionado pela boa execução da abordagem da entorpecente balada Bebendo vinho (Wander Wildner, 1997), o álbum "Isso é amor" reconduziu o grupo de Nasi e Scandurra ao sucesso após o Ira! ter amargado período de baixa visibilidade no ainda incipiente mercado independente da década de 1990.
Exatos 20 anos após o lançamento original, o álbum "Isso é amor" resiste bem ao tempo. A ponto de estar sendo editado pela primeira vez nos formatos de LP, compacto (acoplado como bônus do LP) e fita cassete neste mês de novembro de 2019 através da Polysom.
A edição do compacto adicional se justifica porque, se espremidas no LP, as 14 faixas poderiam ter o som comprimido no vinil.
A solução foi isolar em compacto as gravações de Um girassol da cor do seu cabelo (Milton Nascimento e Lô Borges, 1972) – feita com a adesão de Samuel Rosa, vocalista do grupo mineiro Skank – e Sentado à beira do caminho (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1969), músicas alocadas como a sexta e como a décima-primeira faixa, respectivamente, na edição original de "Isso é amor" em CD.
A propósito, o título Isso é amor foi extraído de verso de Telefone (Júlio Barroso, 1983), sucesso da banda Gang 90 & Absurdettes religado pelo Ira! com a adesão de Fernanda Takai.
Fonte: G1 Mauro Ferreira