Em 1984, os Titãs ainda eram relativamente desconhecidos quando a banda lançou single com a gravação do pop ska Sonífera ilha, destaque do primeiro álbum do grupo, Titãs, editado naquele ano de 1984.
A música invadiu as rádios na voz de Paulo Miklos e deu projeção nacional à banda paulistana, então com André Jung na bateria em função que seria assumida em breve por Charles Gavin.
Ciro Pessoa – coautor da composição, também creditada a Branco Mello, Marcelo Fromer, Tony Belloto e Carlos Barmarck – já tinha saído do grupo em 1983 por defender pegada mais roqueira para o som inicialmente heterogêneo e new wave dos Titãs.
A banda ganhou peso a partir do terceiro álbum, Cabeça dinossauro (1986), petardo de virulência punk ao qual se seguiu Jesus não tem dentes no país dos banguelas (1987), álbum igualmente contundente. Com estes discos, os Titãs cresceram e ganharam prestígio na história do rock brasileiro.
Contudo, por ter melodia e ritmo aliciantes, Sonífera ilha permaneceu na memória afetiva do grupo, do público e de vários artistas, a ponto de a música ter sido regravada por cantores como Adriana Calcanhotto, Moraes Moreira e Paulinho Moska. E por bandas como Blitz e Pato Fu.
Não por acaso, os Titãs decidiram reanimar Sonífera ilha em 2020 em versão desplugada apresentada na sexta-feira, 20 de março, como primeiro single do álbum Titãs – Trio acústico, projeto fonográfico que será apresentado paulatinamente em três EPs (o primeiro tem lançamento agendado para abril) com o registro de estúdio do show apresentado em turnê nacional pelo grupo desde 2019.
Reduzidos atualmente a um tripé sustentado por Branco Mello (no baixo ou violão), Sergio Britto (no piano ou baixo) e Tony Bellotto (no violão ou guitarra acústica), os Titãs preservam a agilidade da cadência do ska na abordagem de Sonífera ilha.
A rigor, o charme da atual regravação reside sobretudo no clipe, filmado com participações afetivas de artistas como Elza Soares, Rita Lee, Fernanda Montenegro, Andreas Kisser, Edi Rock e Fábio Assunção, além dos músicos dos Paralamas do Sucesso.
Mostrando o alcance da composição apresentada há 36 anos, o clipe alterna takes do elenco estelar dublando trecho da letra de Sonífera ilha no clipe gravado sob direção de Otavio Juliano e Luciana Ferraz. A canção permanece viva graças ao perene apelo popular, ao qual os Titãs recorrem em ação providencial e certeira.
Fonte: G1 Mauro Ferreira