Em 1974, quando Patricia Marx nasceu, João Gilberto (1931 – 2019) já era mito. Em 1983, quando a artista paulistana deu os primeiros passos como cantora infantil, a revolução musical orquestrada por João e exposta ao mundo em 1958 já completava 25 anos.
Apresentada à bossa nova pelo pai, admirador do canto de João, Patricia Marx cresceu (inclusive artisticamente) e se tornou ela própria uma entusiasta do canto cool e preciso do estilista baiano. A ponto de, duas semanas antes do início da quarentena, Patricia ter entrado no Hataka Studios, na cidade natal de São Paulo(SP), para gravar EP em tributo ao cantor com regravações de cinco músicas do repertório do inventor da bossa.
Uma dessas cinco músicas – Estate (Bruno Martino e Bruno Brighetti, 1960), canção italiana vestida de bolero que caiu majestosamente bem na voz de João ao ser refinada em gravação do álbum Amoroso (1977) – já está disponível em single que anuncia o EP.
Intitulado João e gravado pela cantora somente com o toque do violão de Willie Daniel, o EP tem lançamento previsto para 19 de junho, em edição do selo Lab 344.
Além de Estate, o disco também traz no repertório a canção Caminhos cruzados (Antonio Carlos Jobim e Newton Mendonça, 1958), a menos conhecida Você vai ver (Antonio Carlos Jobim, 1980), o samba Brasil com S (Rita Lee e Roberto Carvalho, 1982) – gravado por João para álbum de Rita Lee, a convite dessa roqueira bossa nova – e Once I loved (O Amor em paz) (Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, 1960, em versão em inglês de Ray Gilbert, 1965).
A julgar pela classuda abordagem da canção Estate, em gravação que persegue a perfeição do canto do homenageado, Patricia Marx faz tributo respeitoso ao legado de João sem inventar moda. Opção acertada, até porque, em se tratando de João Gilberto, tudo já foi inventado pelo próprio artista baiano.
Fonte: G1 Mauro Ferreira