10/06/2020

Emicida e Drik Barbosa unem forças em 'Sementes'

Emicida e Drik Barbosa se uniram em uma parceria para fortalecer a campanha do Dia Mundial contra o Trabalho Infantil. Os dois artistas lançaram juntos a música "Sementes", que ganhou um clipe na terça-feira (9), mostrando a difícil realidade de crianças no Brasil e no mundo e como isso pode interferir no processo de desenvolvimento desses jovens.

Confira a letra abaixo:

 

"Sementes (com Drik Barbosa)"

Se tem muita pressão

Não desenvolve a semente

É a mesma coisa com a gente

Que é pra ser gentil

Como flor é pra florir

Mas sem água, sol e tempo

Que botão vai se abrir?

É muito triste, muito cedo

É muito covarde

Cortar infâncias pela metade

Pra ser um adulto, sem tumulto não existe atalho

Em resumo

Crianças não têm trabalho, não, não, não

Não ao trabalho infantil

 

Desde cedo, 9 anos, era um pingo de gente

Empurrado a fórceps, pro batente

O bíceps dormente, a mão cheia de calo

Treme, não aguenta um lápis, no fundão de São Paulo (puts)

Se a alma rebelde se quer domesticar

Menina preta perde infância, vira doméstica

Amontoados ao relento, sem poder se esticar

Um baobá vira um bonsai, é só assim pra explicar

Que o nosso povo nas periferia

Precisa encher suas panela vazia

Dignidade é dignidade, não se negocia

Por que essa troca leva infância, devolve apatia

E é pior na pandemia

Sobra ferida na alma

Uma coleção de trauma

Fora a parte física

E nóiz já tá na parte crítica

Pra que o nosso futuro não chore

A urgência é: precisamos ser melhores, viu?

 

Se tem muita pressão

Não desenvolve a semente

É a mesma coisa com a gente

Que é pra ser gentil

Como flor é pra florir

Mas sem água, sol e tempo

Que botão vai se abrir?

É muito triste, muito cedo

É muito covarde

Cortar infâncias pela metade

Pra ser um adulto, sem tumulto, não existe atalho

Em resumo

Crianças não têm trabalho não, não

Crianças não têm trabalho não

Não ao trabalho infantil

 

Com 8 ela limpa casa de família, em troca de comida

Mas só queria brincar de adoleta

Sua vontade esconde-esconde

Já que a sociedade pega-pega sua liberdade

E transforma em tristeza

Repetiu na escola por falta, ele quer ir mas não pode

Desigualdade é presente e tira seus direitos

Sem escolha: trabalha ou rouba pra viver

Sistema algoz, que o arrancou da escola

E colocou pra vender bala nos faróis

Em maioria, jovens pretos de periferia

Que tem direito a vida plena

Mas só conhece o que vivencia

Insegurança, violência e medo

Trabalho infantil é um crime e tem cor e endereço

Prioridade nossa é assegurar que cresçam e floresçam

Alimentar a potência delas

A liberdade delas não tem preço

Merecem o mundo como um jardim e não como uma cela

 

Se tem muita pressão

Não desenvolve a semente (não)

É a mesma coisa com a gente

Que é pra ser gentil

Como flor é pra florir

Mas sem água, sol e tempo

Que botão vai se abrir? (me diz)

É muito triste, muito cedo

É muito covarde (muito)

Cortar infâncias pela metade (é quente)

Pra ser um adulto, sem tumulto, não existe atalho

Em resumo (diz)

Crianças não têm trabalho, não, não, não

Crianças não têm trabalho, não

Apenas não ao trabalho infantil

 

 

 

 

 

Fonte: Vagalume

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