Nos anos 1990, o samba sofreu mutação em São Paulo, berço de pagode que embutia fraseados herdados do soul – perceptíveis no canto de Belo, vocalista do grupo Soweto – e células rítmicas do R&B. Mesmo que por vezes bem sutis, essas referências da música negra norte-americana no samba de São Paulo conquistaram seguidores pelo Brasil e fizeram a cabeça de Liniker, cantora e compositora paulista, nascida em Araraquara (SP) em julho de 1995.
Não por acabo, Baby 95 é o nome da música inédita que Liniker apresentou na quarta-feira, 9 de junho, em single editado pelo selo fonográfico da produtora Boogie Naipe, de Mano Brown, rapper paulistano também influenciado pelo soul e o R&B.
“Baby 95 é canção que renova o trato com todas as referências musicais que eu tive e acessei no âmbito familiar. Muitas pagodeiras e pagodeiros encontraram no R&B um caminho para traduzir o romance na nossa língua. Daí, veio a minha vontade e inspiração para ressignificar o que eles já faziam nos anos 1990”, explica Liniker.
A ideia da “ressignificação” mencionada pela artista foi posta em prática com Gustavo Ruiz e Júlio Fejuca, produtores musicais da gravação de Baby 95, feita em estúdios da cidade de São Paulo (SP).
Liniker também assina a produção desse single autoral em que dá voz a uma parceria da artista com as cantoras e compositoras Mahmundi, Tássia Reis e Tulipa Ruiz. Com mais de cinco minutos, a gravação de Baby 95 começa no tom do R&B e desagua na cadência do pagode.
Segundo single do primeiro álbum solo de Liniker, previsto para ser lançado no segundo semestre deste ano de 2021, Baby 95 sucede o single Psiu (2020), amostra inicial do disco apresentada em outubro do ano passado.
Já dissociada da banda Os Caramelows, com a qual iniciou trajetória profissional em 2015 e da qual se separou em fevereiro de 2020, Liniker gravou Baby 95 com os toques dos músicos Dennys Symples (percussões), Ana Karina Sebastião (baixo), Sérgio Machado (bateria), Fábio Leandro (piano Fender Rhodes) e Will Bone (madeiras e metais), além dos produtores Gustavo Ruiz (guitarra) e Júlio Fejuca (cavaco, banjo e violão).
Fonte: G1 Mauro Ferreira