No dia 13 de julho o Brasil celebra o Dia do Rock. Mas você sabe o porquê dessa data ter sido a escolhida? O Vagalume conta para você.
Tudo começou em 1984 quando o músico irlandês Bob Geldof (que cantava no Boomtown Rats) ficou chocado ao ver uma matéria na BBC sobre a crise humanitária pela qual passava a Etiópia. As imagens ainda chocam. Eram milhares de homens, mulheres e crianças, literalmente, morrendo de fome vivendo em enormes campos. O tipo de cena que achávamos que jamais teríamos de ver em pleno século 20.
Geldof sentiu que alguma coisa precisava ser feita. O problema é que ele não era exatamente uma superestrela. Sendo assim, de nada adiantaria ele lançar uma música ou sair fazendo campanha. Sua primeira atitude foi chamar Midge Ure, o vocalista do Ultravox, para ajudá-lo.
O resultado desse encontro foi a canção "Do They Know It's Christmas?". A segunda foi usar uma entrevista na BBC para recrutar o maior número possível de estrelas para a causa.
Sua ideia era simples, todos cantariam a canção composta por ele e Ure e assim ela chamaria a atenção do público e renderia muito dinheiro para a caridade.
O apelo funcionou, e no dia 25 de novembro, uma verdadeira constelação do pop inglês estava reunida para gravar a canção. Boy George, George Michael, Sting, membros do Duran Duran, Phil Collins, um ainda pouco conhecido Bono e vários outros deram o melhor de si.
Três dias depois, o single do Band Aid (o nome da "banda") estava nas lojas. O resultado foi o single mais vendido na história daquele país até então.
Logo, o resto do planeta tomou conhecimento tanto dos problemas pelos quais os africanos estavam passando quanto dos esforços dos músicos ingleses.
No começo do ano seguinte, Geldof se viu em um estúdio nos Estados Unidos cercado por gente como Michael Jackson, Bruce Springsteen, Ray Charles e Bob Dylan contando sobre suas experiências no continente africano. Todos esses músicos estavam lá para dar a sua contribuição na forma de outra canção emblemática: "We Are The World lançada pelo USA For Africa
Seguindo o exemplo, artistas de vários países fizeram canções com o mesmo objetivo. Mas era preciso coroar todo esse esforço. Foi quando Bob Geldof teve a ideia da "jukebox interplanetária". Dois megaconcertos ocorrendo no mesmo dia nos Estados Unidos e na Inglaterra com as maiores estrelas do mundo da música. Tudo transmitido ao vivo e para todo o planeta (infelizmente no Brasil, a Globo optou por só mostrar os melhores momentos do show semanas depois do evento).
E assim foi feito. Em 13 de julho de 1985, David Bowie, Elton John, The Who, Style Council, Sade, Bryan Ferry, Dire Straits, Sting e vários outros estavam no estádio de Wembley para um dia memorável.
O evento se mostrou importante também do ponto de vista musical. Primeiro por novamente unir várias gerações de músicos que desde o punk estavam separadas e por alguns grandes marcos.
Os irlandeses do U2 deram ali seu maior passo em sua escalada rumo ao topo, com uma performance inspiradíssima. O show do Queen, que anos depois foi eleito o melhor já ocorrido na Inglaterra também entrou para a história. O dia também foi marcado pela volta, um tanto desajeitada é fato, de Paul McCartney aos palcos após anos de ausência.
Nos EUA, o show aconteceu na Filadelfia e teve The Cars, Tom Petty, uma ainda novata Madonna (ao lado), Duran Duran, Beach Boys, Neil Young, uma volta de improviso do Led Zepellin e outra da formação original do Black Sabbath, o encontro de Mick Jagger e Tina Turner e alguns momentos de humor involuntário protagonizados por Bob Dylan se vendo obrigado a cantar sem conseguir se ouvir e ainda acompanhado pelos igualmente perdidos Keith Richards e Ron Wood dos Rolling Stones.
Phil Collins ainda protagonizou o grande truque da festa ao conseguir se apresentar nos dois concertos (graças ao fuso horário e o avião Concorde). O resultado, além de um dia inesquecível, foi uma renda de 283.6 milhões de dólares para a caridade.
fonte: Vagalume