Sim, todos achavam que Maysa Figueira Monjardim (6 de junho de 1936 – 22 de janeiro de 1977) falava demais e que andava bebendo demais. Tal impressão por vezes correspondeu à realidade de uma vida agitada tanto na esfera pessoal como em âmbito profissional.
Contudo, no fim da tarde de um sábado de janeiro de 1977, Maysa estava sóbria e em paz quando o carro da artista carioca – uma Brasília azul – foi atingido por forte lufada de vento e, sem direção e sem controle, bateu na quina de concreto da Ponte Rio-Niterói, rodopiou na pista e se chocou novamente contra a mureta da ponte.
Maysa – que atravessava a ponte para ir da cidade do Rio de Janeiro (RJ) rumo à casa de praia que mantinha em Maricá (RJ), na região litorânea do estado do Rio – sucumbiu aos ferimentos e morreu a caminho do Hospital Antônio Pedro, em Niterói (RJ).
O fim abrupto da vida da cantora, compositora e atriz vem à tona hoje, 4 de março de 2024, dia em que a Ponte Rio-Niterói completa 50 anos com belas e tristes histórias nessas cinco décadas de trânsito intenso.
Maysa tinha 40 anos quando saiu de cena para ficar na história da música brasileira como a primeira cantora a ter estreado em disco, em 1956, com álbum inteiramente autoral, Convite para ouvir Maysa (1956), disco lançado em época em que eram raríssimas as mulheres que conseguiam se mostrar como compositoras no mercado e muito mais raras as que conseguiam gravar as próprias composições.
Com voz grave, movida pela paixão, Maysa legou composições autorais que resistem ao tempo, sobretudo Resposta (1956), Tarde triste (1956), Ouça (1957) e Meu mundo caiu (1958), sendo que as duas últimas canções têm status de standard na música brasileira.
Como já avisou na letra de Resposta, Maysa disse somente o que pensava, fez somente o que gostava e cantou aquilo em que acreditava até a morte, tão trágica quanto precoce, em deslize na pista da já cinquentenária Ponte Rio-Niterói.
Fonte: G1