26/03/2024

Ritchie canta Mutantes em álbum com músicas inéditas e regravações

Quando amealhava o repertório do álbum e DVD Outra vez – Ao vivo no estúdio, lançados em 2009, Ritchie retomou a parceria com o poeta e letrista cearense Fausto Nilo, aberta em 1988 com a gravação da música Temporal no quinto álbum do artista britânico, Pra ficar contigo.

Para o retrospectivo registro audiovisual de 2009, Ritchie compôs duas músicas que ganharam letras de Nilo. Uma delas, Cidade tatuada, entrou no repertório gravado ao vivo no estúdio. A outra permaneceu inédita por 15 anos, mas enfim virá à tona em gravação feita para o álbum que marca a estreia de Ritchie na gravadora Biscoito Fino.

Feito com produção musical orquestrada por Eron Guarnieri (teclados e programações) e Renato Gallozi (guitarra e programações) com o próprio Ritchie, o álbum também tem os toques dos músicos Igor Pimenta (baixo) e Luís Capano (bateria), totalizando 14 faixas.

No disco, Ritchie apresenta músicas inéditas autorais e rebobina sucessos próprios e alheios, procurando satisfazer o apetite do mercado por discos retrospectivos e, ao mesmo tempo, ampliar o cancioneiro autoral.

O repertório será apresentado ao longo de 2024 em série de singles que serão sempre lançados em pares, apresentando uma inédita e uma regravação a cada lançamento duplo. O primeiro par tem edição programada pela gravadora Biscoito Fino para 5 de abril.

O single Saudade sem paisagem (Ela jamais virá) apresenta a música composta por Ritchie em 2009, mas excluída do DVD porque o arranjo não ficou pronto a tempo da gravação. O outro single, Ando meio desligado, traz abordagem da música de Arnaldo Baptista, Rita Lee (1947 – 2023) e Sérgio Dias lançada pelos Mutantes em 1970 no terceiro álbum do trio paulistano.

A música Ando meio desligado integra o roteiro do show A vida tem dessas coisas (2023), estreado por Ritchie em agosto do ano passado para celebrar três décadas de carreira solo. Já a parceria inédita com Fausto Nilo passa a fazer parte do roteiro do show a partir de abril.

Ainda em cena, em turnê que percorre o Brasil, o show hi-tech conquistou o público e a crítica, repondo o nome de Ritchie na pauta do pop nacional e mostrando que Richard David Court ainda faz mágica com cancioneiro autoral calcado no tecnopop vigente na década de 1980.

O sucesso da turnê abriu caminho para a gravação do álbum e a assinatura do contrato com a Biscoito Fino. E, a julgar pelos dois singles iniciais, Ritchie voltará ao mercado fonográfico com disco digno.

Mesmo sem a alquimia das melhores canções do mago do tecnopop, Saudade sem paisagem (Ela jamais virá) é música que cresce a cada audição. Tem o D.N.A. de Ritchie na parte melódica e harmônica – e curiosamente até na letra, escrita por Fausto Nilo, dentro do universo pop do compositor, sobre mulher que habita o imaginário do eu-lirico da canção pop.

Aliás, nesse sentido, a capa criada por Kiko Dias para o single Saudade sem paisagem (Ela jamais virá) é perfeita por sinalizar que a cabeça de Ritchie abarca todo um universo.

E por falar em capa, a do single Ando meio desligado – criada por Alexandre Arrabal & Eduardo Seabra a partir de foto acerto pessoal de Ritchie – é belo chamariz para a correta abordagem da música Ando meio desligado. A foto flagra Ritchie e Rita Lee em 1972, no dia em eles visitaram o País de Gales. O mesmo dia em que Rita convidou Ritchie para vir ao Brasil.

Com a palavra, o cantor: “Rita foi a primeira brasileira que eu conheci em Londres, em 1972, quando ela apareceu no estúdio onde eu estava gravando flauta no disco de uma banda londrina. Ficamos amigos de cara, ajudei Rita a escolher sua primeira flauta transversal e ela, por sua vez, me mostrou Ando meio desligado, música que já havia sido um grande hit dos Mutantes em 1970. Arrisco acrescentar que, se não fosse pelo encontro fortuito com Rita e com toda aquela turma que veio junto com ela para Londres, um grupo que incluía o Liminha e a “Cilibrina” Lucinha Turnbull, talvez eu jamais tivesse pisado em solo brasileiro. Os Mutantes me hospedaram na casa deles na Serra da Cantareira, em São Paulo. Rita, Arnaldo e Sérgio me ajudaram a formar minha primeira banda brasileira, a Scaladácida, naquele mesmo ano”, contextualiza Ritchie, lembrando fatos e acasos que ajudaram a pavimentar a trilha seguida pelo artista britânico no Brasil.

Trilha coerente, ora estendida com Saudade sem paisagem (Ela jamais virá) e Ando meio desligado, os dois singles que abrem caminho para o primeiro álbum autoral gravado por Ritchie em estúdio com músicas inéditas desde Auto-fidelidade (2002).

 

Fonte: G1

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