28/05/2024

Junior ajusta voo do álbum Solo 2 na velocidade do rock, com toque de soul

Quando recorreu à nudez para anunciar o segundo volume do álbum Solo com o single Seus planos, apresentado em 11 de abril, Junior sabia que precisava chamar a atenção do universo pop. Algo que o artista não conseguira fazer com a edição em 29 de outubro do volume inicial do primeiro álbum solo do cantor, compositor e músico paulista. Solo – Vol. 1 (2023) mostrou Junior errando alvos e tentando se enquadrar na moldura pop da indústria da música.

Com Solo – Vol. 2, disco posto em rotação às 21h de quinta-feira, 23 de maio, Junior acerta mais. Mesmo ainda longe de imprimir a própria assinatura artística em mercado cada vez mais volátil, Junior Lima ajusta o voo solo na velocidade do rock, ritmo recorrente nas 13 faixas, e apresenta repertório mais coeso em disco que totaliza 11 músicas e dois interlúdios.

Formatado por time de produtores musicais que inclui Dudinha, Felipe Vassão, Lucas Vaz, Lucs Romero e o próprio Junior, entre outros nomes, o álbum Solo – Vol. 2 também tem toque de R&B em Abstinência (Junior Lima, Deco Martins e Barbara Dias) e de soul.

O soul às vezes está nítido – como em Dá pra ser leve (Junior Lima, Lucaz Vaz, Aguida e Thalles Horovitz), faixa turbinada pelos vocais de Lay e Lio (do trio curitibano Tuyo) – e às vezes aparece entranhado na atmosfera roqueira do disco, como em Cena de filme (Junior Lima e Thalles Horovitz).

Sem povoar Solo 2 de feats. artificiais e genéricos, como parece ser a lei do mercado, Junior escolheu bem o único nome creditado como convidado do álbum. Trata-se de Gloria Groove, cuja presença enérgica potencializa o efeito de Fome (Junior, Gloria Groove, Lucas Vaz, Jenni Mosello e Barbara Dias), rock moldado para as pistas com a pegada de Pablo Bispo e Ruxell, produtores que se juntaram na faixa ao time-base formado por Felipe Vassão, Lucas Vaz, Lucs Romero e o próprio Junior.

A liga do disco é dada pelo rock, tônica de músicas como Fora da caixa (Junior Lima e Thalles Horovitz). Esse rock pode ganhar um toque dos anos 1980 e levada shuffle, como em Salve-se quem puder (Junior Lima, Aguida, Gabriela Gavi e Bibi), ou uma batida funkeada como a detectada em Tabu (Junior Lima, Bibi, Lucas Vaz e Mayra Arduini). Mas é rock, e isso basta para desenquadrar o álbum solo de Junior da moldura de um mercado voltado para o sertanejo, o funk, o trap e o pagode.

“Eu só respiro e tô vivo pelo soul e suor / Se não me inspira, eu sigo sem culpa e sem dó”, avisa Junior em Soul e suor (Junior Lima, Gabriela Gavi, Thalles Horovitz, Aguida, Mayra Arduini e Bibi).

Entre o tom levemente sombrio do pop confessional Armadilha (Junior Lima) e o flash melancólico de camarim disparado pela balada Será que vai ser sempre assim? (Junior Lima, Thalles Horovitz, Barbara Dias, Lucas Nage e Aguida) no arremate do disco, Junior pousa em segurança ao fim desse segundo voo solo.

Se conseguir se desprender mais das fórmulas do universo pop (como as cada vez mais recorrentes sessões coletivas de composição) e imprimir um pouco mais de originalidade e alma em futuros discos, o artista poderá ter enfim uma assinatura musical mais bem delineada, como a da irmã Sandy.

De todo modo, verdade seja dita: Solo 2 desce mais redondo do que o Solo 1 do artista.

 

Fonte: CNN Brasil

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