Se Marisa Monte fosse somente a cantora que redefiniu padrões na música brasileira ao ser revelada em 1987, já mereceria todas as honrarias. Se Marisa Monte fosse somente a compositora que, a partir de 1991, apresentou um cancioneiro de traço original dentro do universo pop, também faria jus a loas e prêmios.
Contudo, Marisa Monte é uma artista cuja importância transcende a bela arte do canto e da composição. Carioca nascida em 1º de julho de 1967, Marisa de Azevedo Monte faz 57 anos na próxima segunda-feira como uma artista que defende a cultura e a ciência do Brasil. Uma artista cujo trabalho musical dialoga de forma refinada com as artes plásticas e com a estética cinematográfica.
Por isso mesmo, é justo que Marisa tenha recebido ontem, 24 de junho de 2024, em cerimônia na cidade de São Paulo (SP), o título de Doutora Honoris Causa da Universidade de São Paulo (USP), instituição identificada com os ideais democráticos e com a promoção da pesquisa científica.
Basta lembrar que, em 2000, Marisa Monte – exercendo a função de produtora musical – bancou pelo selo da artista, Phonomotor, o disco Tudo azul, que trouxe a Velha Guarda da Portela de volta ao mercado fonográfico.
Duas décadas depois, quando a cultura vinha sendo vilipendiada no Governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, Marisa fez questão de posar diante de relevantes instituições culturais de todo o Brasil nas fotos promocionais do álbum Portas (2021).
Enfim, Marisa Monte tem marcado posição no universo cultural, social e político do Brasil. Por isso mesmo, merece a honraria de ser a terceira mulher a receber o título da USP (título já concedido a 120 homens, em reflexo da sociedade ainda patriarcal), sendo a primeira doutora feminina da universidade paulistana na área da cultura.
Como ressaltou nas redes sociais a primeira-dama Janja Lula da Silva, presente na cerimônia, Marisa é embaixadora do programa USP Diversa, que arrecada recursos e oferece bolsas de estudo para estudantes em situação de vulnerabilidade, e é figura motriz na criação do Espaço Imaginário Marisa Monte, no Instituto do Coração (Incor), onde pacientes podem encontrar alívio emocional através da música.
Além de bela, a arte da doutora Marisa Monte também é lenitivo para enfrentar os males do corpo, da alma e da sociedade.
Fonte: G1