16/07/2024

Obra musical de Sérgio Cabral está documentado em álbum

“Foi ele o culpado: eu nunca havia pensado em ser compositor”, gracejou Sérgio Cabral (17 de maio de 1937 – 14 de julho de 2024) em texto escrito para a contracapa do álbum lançado em 1980 por Rildo Hora, principal parceiro da obra musical desse jornalista, pesquisador, produtor musical e compositor carioca que morreu ontem, aos 87 anos, na cidade natal do Rio de Janeiro (RJ).

Com exceções de uma parceria com Baden Powell (1937 – 2000) e de outra com Wilson Moreira (1936 – 2018), Fim de papo (1981) e Instinto (1982), respectivamente, toda a obra de Sérgio Cabral como compositor foi construída como parceiro letrista do gaitista, arranjador e maestro pernambucano Rildo Hora.

O suprassumo dessa afinada parceria está reunida no álbum Rildo Hora... e Sérgio Cabral, editado em 1980 pela gravadora RCA. O disco foi viabilizado com produção executiva de ninguém menos do que Martinho da Vila, intérprete original de um dos maiores sucessos da parceria de Cabral com Rildo, Visgo de jaca (1974).

Foi Martinho também quem lançou Andando de banda (1975) e, por isso, os dois sambas da parceria aparecem aglutinados em medley na segunda faixa do lado B do LP. Martinho também participa do disco como cantor na faixa Rancheira do boia-fria (Para 3 vozes) em gravação feita por Rildo com as adesões do sambista e da então debutante cantora Jane Duboc.

Entre regravações de músicas como Pedro sonhador (1976), Banda de Ipanema (1977), Espraiado (1978) e Os meninos da Mangueira (1976), principal sucesso da parceria dos compositores, o álbum Rildo Hora... e Sérgio Cabral apresentou temas inéditos como Amigavelmente, Arraia-miúda e Toca, Gilberto.

Inéditas ou não, as 12 composições do álbum Rildo Hora... e Sérgio Cabral foram gravadas com arranjos de Rildo Hora. Algumas têm cordas orquestradas pelos maestros Leonardo Bruno e Guerra-Peixe (1914 – 1993), a quem Rildo dedica o disco.

O álbum também ostenta os toques de músicos excepcionais como Toninho Horta (na guitarra), Radamés Gnattali (1906 – 1988), Luiz Eça (1936 – 1992) e João Donato (1934 – 2023), trio de ouro arregimentado para tocar piano.

É por tudo isso que, no rastro da saudade deixada pela saída de cena de Sérgio Cabral, a gravadora Sony Music – detentora do acervo da RCA – poderia disponibilizar este pouco ouvido álbum de Rildo Hora em edição digital.

 

Fonte: G1

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