21/06/2017

Polêmica com indicados ao Prêmio da Música Brasileira

Divulgada em redes sociais por nomes como Gilberto Gil e Maria Bethânia, a lista de indicados à 28ª edição do Prêmio da Música Brasileira tem sido alvo de saudações e reclamações nestas mesmas redes. Nada mais natural em se tratando do único prêmio realmente considerado pela classe artística musical do Brasil. Como toda lista, a de indicados ao 28º Prêmio da Música Brasileira dá mesmo motivo a questionamentos. O maior deles tem sido sobre a ausência de Amor geral, incensado álbum que marcou a volta da cantora e compositora carioca Fernanda Abreu ao mercado fonográfico após uma década de ausência.

 

Vários internautas estranharam o fato de o disco de Abreu ter sido indicado somente na categoria Projeto visual, uma vez que Amor geral constou em vários listas de melhores álbuns de 2016. Sim, Amor geral merecia mesmo indicação na categoria Pop / rock / reggae / hip hop / funk. Ou mesmo uma indicação à melhor canção por conta de Outro sim (Fernanda Abreu, Gabriel Moura e Jovi Joviniano), a melhor música do disco.

 

No entanto, é preciso entender que o corpo de jurados do Prêmio da Música Brasileira – formado atualmente por Alfredo Del-Penho, Filipe Catto, Gringo Cardia, Joana Guimarães, José Maurício Machline (empresário idealizador da premiação que acontece desde 1988), Julia Bosco, Lauro Lisboa Garcia, Leonardo Lichote, Marcus Preto, Mario Adnet, Ná Ozzetti, Palo Lepetit, Pedro Franco, Rodrigo Campello, Rogerio Caetano, Romulo Fróes, Silvio Viegas, Simone Mazzer, Thiago da Serrinha e Webster Santos, além deste colunista e crítico musical do G1 – mistura artistas e jornalistas. O fato de um disco ter figurado na mídia em listas de melhores do ano (elaboradas por jornalistas e críticos musicais) não garante indicação ao Prêmio da Música Brasileira. Até porque críticos e artistas nem sempre se afinam na hora de eleger os melhores. A bem da verdade, aliás, quase sempre desafinam.

 

Nesse sentido, a ausência de uma indicação em categoria musical para Amor geral já não surpreende tanto, ainda que essa ausência seja tão injusta quanto o esquecimento de outro dos melhores álbuns de 2016, O meu nome é qualquer um, disco que uniu César Lacerda com Romulo Fróes. Corpo tão eclético de jurados tem visões distintas da música brasileira.

 

No geral, a lista de indicados ao 28º Prêmio da Música Brasileira contempla a diversidade que pauta o segmentado mercado fonográfico nacional dentro da perspectiva proporcionada pelo julgamento de 478 CDs e 60 DVDs, selecionados dentre os 1.199 CDs e os 128 DVDs recebidos pela organização do prêmio. Essa perspectiva já considera a crescente digitalização da produção fonográfica brasileira. Tanto que um (estupendo) EP lançado discretamente apenas em edição digital de forma independente, O mar me leva, rendeu a Zizi Possi merecida indicação ao troféu de melhor cantora de MPB.

 

As indicações de Silva, Maria Bethânia, BaianaSystem, Lenine, Letieres Leite, Ivete Sangalo e Zé Manoel, entre muitos outros nomes de gerações e estilos distintos, expõem tal diversidade. Mas listas são listas e, como tais, passíveis de discussões e questionamentos que, em última instância, somente reiteram a crescente importância do Prêmio da Música Brasileira.

 

Fonte: G1 Mauro Ferreira

 

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